20 de novembro de 2012

Ensinem Doutrinas e não Histórias aos seus alunos



Eu visitava aquela igreja e quando fomos nos dividir em classes na manhã de Domingo o superintendente da EBD, não sei se por inexperiência ou por descuido, disse: "e agora as crianças poderão ir para as suas classes ouvir historinhas"... Quis ser ele gentil? Tencionou ser acessível, recorrendo ao diminutivo para chamar a atenção dos pequeninos? Não sei. Mas o que sei é que infelizmente tem muita gente só contando histórias na EBD aos seus alunos. E só.

Mas não é para contar Histórias?
Claro. A história é bíblica e está na Palavra de Deus. Mas, tantas vezes nos atemos à história, apenas ou tão somente, aos detalhes, e nos esquecemos do PORQUÊ da história. O que Deus fez ali? Como Ele foi honrado, obedecido ou desobedecido? Qual ensino principal tem e traz a lição? Romanos 15.4 diz que "tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança". Tem algo a mais na história: tem um ensino para ser passado, uma confiança no Deus Todo-Poderoso para ser reforçada, a Pessoa bendita de Jesus para ser apresentada ou enaltecida, uma lição de fé a ser enfatizada, o Caráter e a Soberania divina a serem destacados, pois quando vierem os dias maus e difíceis para estas crianças ao longo de suas vidas, com o ensino correto, sábio e doutrinário que receberam, a consolação das Escrituras virá de maneira mais precisa aos seus corações e isto poderá livrar as suas almas de muitas dores. O Consolador usará as Escrituras e o que dela se extraiu para o fortalecimento da fé em momentos como perigos, tentação ou provação. Na sua história de vida, o ensinamento doutrinário colhido e bem guardado das histórias que ouviu e aprendeu fará todo sentido e será de grande auxílio. Das histórias que aprendeu, Jesus de Nazaré soube usar a DOUTRINA para a vida. Na hora da tentação e de enfrentar o Tentador, como ocorreram várias vezes, quando este quis deturpar o ensino das Escrituras, Jesus estava plenamente consciente do que dizia o texto, como e para quê estava escrito, e venceu (Lucas 4.1-13; Hebreus 2.18). Destacamos a sua segurança e firmeza diante dos absurdos que ouvia de fariseus, saduceus e de outros religiosos da sua época. Ele não só revelava os seus grandes desvios da Palavra de Deus, como também os fazia corar e calar (Mateus 23.34; Lucas 20.39,40, etc.).
O Departamento Infantil é um lugar de histórias, mas se as crianças vibrarem mais com Davi, por exemplo, do que com o Deus a quem Davi servia e confiava, nós teremos falhado como professores de Escola Bíblica Dominical. Se conhecerem bem a história de Sansão, mas pouco ou quase nada ficar retido dos ensinamentos doutrinários a partir do que ouviu sobre Sansão, então haveremos falhado.

Qual a sua atitude diante da história de Jonas?
Quando chega a nova revista e você vai dar uma olhada superficialmente, você gosta da capa, do título, do tema... aí vai ver o conteúdo das lições: oito lições sequenciais no livro de Jonas. O que você faz? O que você diz? "oh, não. Jonas de novo?!" Afinal, você já contou tantas vezes a história para a turma...
Esta atitude pode ser sintoma de que estamos muito mal acostumados a só contar histórias e a ficarmos procurando sempre um novo meio, técnicas e métodos para contar a mesma história de maneira atraente, perdendo até o sono por causa disso. Contar a história ocupa mais a nossa atenção do que passar o sadio ensino das Escrituras tantas vezes, infelizmente.
A história, as crianças já conhecem. Então, parta daí. Relembre com elas, peça que forneçam detalhes, enriqueça a sua aula com a participação da turminha. Se tem alguém novo na sala que nunca ouviu a história de Jonas, conte para esta criança, mas procure tratar do foco doutrinário com a turma e com o aluno novo também.
O que o livro de Jonas fala sobre Deus? Como Deus se revela no texto? Será que Deus acompanha e intervém? Como temos provas da Sua Soberania? Enfim, quantos ensinos doutrinários maravilhosos. Sugiro que você tenha sempre à mão a Confissão de Fé de Westminster. Estude-a bem, pois tem doutrina segura. Repasse o que aprendeu sobre Deus na história aos seus alunos. Você verá como a sua aula crescerá e as suas crianças também! Adquira um livro de Teologia Sistemática, enfim, prepare melhor e com mais conteúdo teológico as suas aulas. Lembre-se: doutrina edifica. História simplesmente, não. Tem muito preso no sistema carcerário na América do Norte e no Brasil que ouviu muitas histórias bíblicas. Mas foi só. Doutrina trará raízes para a fé que foi plantada no coração infantil e marcará o caráter. Abastecerá a mente e manterá em dia uma cosmovisão bíblica e cristã das coisas; de todas as coisas e para todas as horas. Doutrina norteará o crescimento de uma pessoa tão jovem, e quando esta pessoa chegar à idade adulta não se esquecerá dos estatutos e da Lei do Senhor, que é perfeita e que foi o que ela aprendeu (Pv 22.6).
Ensinar doutrina ao invés de só contar a história lhe permitirá passar por toda a Bíblia. Você apresentará textos em outros livros das Sagradas Escrituras e a criança começará a perceber que a Bíblia é um livro maravilhoso, coerente, vivo, magistral, rico de ensinos preciosos e únicos, de uma unidade perfeita. Verá o princípio de Deus em todas as páginas e crescerá manuseando bem a sua espada! (2 Tm 2.15).

Jonas de novo?! Mas que bênção!!! 
Lembro-me de ter ouvido uma história interessante. Uma professora de alunos com idade de iniciantes no Ensino Fundamental passou todo o semestre trabalhando em cima do livro de Jonas. Contou vários aspectos da Doutrina, como o amor de Deus, a Justiça divina, o agir de Deus na História, o Deus da Providência, etc. As crianças vibraram com tantos ensinamentos.
Quando chegou o dia da convenção anual de famílias daquela denominação, todo um esquema para atender os participantes foi bem elaborado. Tudo muito bem organizado e as crianças foram divididas em grupos e faixas etárias. A professora do dia foi contar exatamente a história de quem?! Isso mesmo: Jonas. E "lá pelas tantas" a empolgada professora chegou na parte em que Jonas foi lançado ao mar. Fez o que pode para demonstrar suspense, aumentou a voz, 'criou um clima', fez aquela entonação característica dos suspenses... "e agora, o que é que vai acontecer com Jonas???!!!" As crianças acompanhavam a empolgada contadora da história do profeta desobediente. Foi quando veio a pergunta:
- Crianças, quem foi que salvou Jonas?!
Uma criança de seis anos respondeu: Deus!
A professora, no seu entusiasmo nem percebeu e disse: "não, meu querido. Foi o peixe"!!!
Ao que um menino de seis anos respondeu: "se a senhora quiser que eu diga que foi o peixe, eu digo. Mas quem mandou o peixe para salvar Jonas foi o Deus de toda a providência!"
A professora aprendeu uma grande lição naquele dia. Estava se atendo demais aos detalhes da história. E só. Tanto, que ela esqueceu exatamente onde Deus estava na história de Jonas. O Senhor estava onde sempre esteve, no entendimento daquele garotinho: Deus regia Soberano e era atuante, conduzindo a história como Lhe aprazia e para a Sua glória.

Plante Doutrina e as crianças serão beneficiadas com isso.
Existem duas maneiras de se contar histórias bíblicas e as crianças nos mostrarão se erramos ou se acertamos. Se elas vibrarem mais e amarem mais os personagens das histórias, algo de muito sério está acontecendo conosco e com a nossa maneira de ensinar.
Que as crianças vibrem com o Grande Deus a quem amamos! As histórias são um excelente meio para afirmarmos e confiramos sempre isto. Ele é fiel. Sim, fiel assim!


Fonte: Editora Fiel

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Ana Chagas

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